sábado, 28 de fevereiro de 2009

DEPRESSÃO E ANSIEDADE, as maiores vilãs da dor na nuca.


Author: Megan RauscherDésirée Lie, MD, MSEd
Fatores psicossociais negativos e eventos estressores, especialmente a depressão e a ansiedade, estão intimamente relacionados à dor cervical recorrente ou persistente, segundo médico alemão Dr. Martin Scherer, da Universidade de Gottingen. O artigo saiu publicado no “ The journal of Musculoskeletal Disorders”, em 26 de janeiro de 2009. Segundo as pesquisas, para que os resultados favoráveis sejam a longo prazo, é essencial levar em conta os fatores psicossociais e incluí-los junto ao tratamento que é chamado “terapêuticas estratégicas para a dor cervical”. O estudo envolveu 448 pacientes com pelo menos um episódio de dor no pescoço entre março e abril de 2006, tendo eles preenchido questionários específicos para essa condição. 44$ dos sujeitos tinham 50 anos ou mais e 80% eram mulheres. Um terço tinha educação básica e outro tanto estava desempregada ou aposentada. 56%, mais da metade delas, referiu dor no pescoço no dia em que completaram o questionário e 26% apresentou dor constante no pescoço durante o ano de 2008. Conforme o resultado baseado nos questionários, 20% apresentava-se com depressão maior e 28% estava ansiosa. Segundo o especialista, em todas as análises, depressão e ansiedade estavam altamente correlacionadas a aumentos dos níveis de cervicalgias. Quando os níveis de depressão e ansiedade se aproximam de ¼ do valor total na escala de dor cervical, os indivíduos com humor deprimido ou ansioso estavam com alta probabilidade de estar no grupo das pessoas com os maiores níveis de dor cervical. O resultado, dizem os pesquisadores, sugerem que o grau de cervicalgia está relacionado ao grau do estresse psicológico. Ou seja, quanto maior a dor cervical nesses pacientes, maior atenção deverá ser dada aos estressores psicossociais como um “fardo adicional”. Dr. Scherer e outros pesquisadores observaram achados consistentes em revisão sistemática recente, onde investigava fatores determinantes e de risco para dor cervical na população geral e encontrou evidência sólida somente para fatores que envolviam a saúde emocional da pessoa.
Segundo a pesquisa, as terapias para o tratamento das cervicalgias crônicas tenderão a ser mais eficazes quando os sintomas psicológicos forem levados em conta, pois já provaram ser ponto central para o desenvolvimento e prognóstico das dores cervicais
BMC Musculoskelet Disord. Published online January 26, 2009.
Reuters Health Information 2009. © 2009 Reuters Ltd.

DEPRESSÃO - como lidar ela nos momentos difíceis?


Como lidar com a depressão na criança?
Até há algumas décadas, ainda se pensava que criança não deprimisse... na verdade, foi só a partir da década de 70, que os transtornos mentais infanto-juvenis começaram a ganhar maior credibilidade no meio científico. Mas até hoje, fazer um diagnóstico de depressão infantil pode ser um grande desafio. Porque nem sempre o quadro se configura como a depressão do adulto. As crianças podem não falar e apenas expressar a sua tristeza adoecendo ou apresentando uma alteração no seu comportamento.
10:00 hs -
A campanhia toca. Eu abro a porta. Glenda entra de cabeça baixa. A babá diz que vai dar uma volta para ver "as modas". Glenda senta no sofá e fica olhando para o vazio por algum tempo. Eu pergunto a ela o que houve, se ela está aborrecida com alguma coisa... Ela diz que não. Pergunto se ela quer jogar. Ela diz que não. Eu digo a ela que eu vou respeitar a vontade dela de ficar calada. Sento na minha cadeira e fico observando Glenda. Vejo uma mancha vermelha e um arranhão em seu antebraço. Fico pensando se aquelas marcas poderiam ter relação com o silêncio da menina. Curiosamente, ela estava sonolenta, quase dormindo no sofá, fato inédito, pois ela sempre chegava pulando e com vontade de brincar. Arrisquei uma pergunta. Esse machucado teria alguma relação com o seu silêncio de hoje? Você poderia me dizer como foi que aconteceu? Glenda me olhou com apatia. Balançou os ombros e virou a cabeça. Depois de um tempo, ela falou: "- Minha mãe gritou comigo, me xingou, berrou, foi horrível. Ela me agarrou pelo braço e me jogou na parede. Estava perturbada. Não adianta mais, tudo o que eu faço para agradá-la dá errado. Ela não confia mais em mim. Eu quero dormir pra sempre. Ela me deu unhada, esse arranhão é a unha dela... Silêncio. Procurei saber da minha pequena paciente o que teria deflagrado tanta violência. Pelo que pude ouvir da menina, nada que fosse significativo para tanto. A mãe havia bebido umas latas de cerveja, o telefone tocou, a mãe se aborreceu no telefone, entrou no quarto da menina e ficou com muita raiva porque ela ainda não estava vestida para vir à sessão. Começou a xingar a filha, a amaldiçoar todo o dinheiro que ela gastava com a menina e que era tudo em vão, pois a filha era uma lerda, uma débil mental e nunca iria ser ninguém na vida mesmo... Diante do pavor da menina, a mãe se exaspera ainda mais e a "chacoalha" pelos braços com força e a joga contra a parede, ....
Casos como esse, a gente não vê só em filmes ou gente muito diferente da gente. Acontece aqui e acolá com pessoas que poderiam ser nossos vizinhos... No caso da Glenda, havia alguns fatores agravantes, como o fato de sua mãe ser deprimida, do alcoolismo da mãe e de uma separação ainda recente. Tudo isso junto vinha causando profundo comprometimento na dinâmica familiar, com gritos, ameaças e agora chegando a agressão física. Glenda estava deprimida, sentindo a falta do pai e com medo das reações e ameaças de sua mãe. Vinha passando por problemas de desatenção na escola e havia feito xixi na cama por uma tres ou quatro vezes após a separação. Foi a gota d`agua para que sua mãe passasse a agir de modo hostil com a filha. E quanto mais isso acontecia, mais deprimida a menina ficava. Chamei a mãe da minha paciente à consulta algumas vezes, mas ela sempre dizia que não podia faltar ao trabalho. Ofereci atendimento à mãe no final de semana, pois eu precisava conversar com ela sobre a sua filha. Tres semanas depois, recebi um bilhete dizendo que ela teria que tirar a filha do tratamento por falta de tempo e de dinheiro...

Acesso de raiva - doença ou frescura?


Acesso de raiva. É possível evitar?
O executivo procura uma pasta contendo documentos importantes, mas não a encontra. Consulta uma funcionária e ela explica que a secretária, recém-demitida, guardara em algum lugar, mas que ninguém sabe. Os documentos são importantes, porque significam a memória viva da firma, são, por isso mesmo, importantíssimos.Sem perceber a importância, a funcionária insiste em minimizar a situação, então o empresário acaba explodindo, sem conseguir conter a indignação, transformada, imediatamente em raiva.Afinal, quem nunca se sentiu no limite, a ponto de explodir por qualquer motivo? Nessa hora, o coração dispara.Mas o ideal, como em quase tudo na vida, é o equilíbrio. Segurando as rédeas de nossas emoções, nos tornamos mais intuitivos, sagazes. Passando a usar a sensibilidade a serviço do sucesso, fazendo dela uma arma poderosa. Em contrapartida, o excesso de tensão, típico dos temperamentos instáveis, bloqueia a capacidade de compreender, e dificulta a resolução dos problemas mais banais.Existe o contraponto ao temperamento do empresário que explode porque uma pasta com documentos importantes simplesmente sumiu. É o da funcionária, que não se contém e chora, enxugando as lágrimas com um único lenço encontrado no fundo da bolsa. Encosta a cabeça nas costas da poltrona da frente para não afogar as lágrimas nos ombros do colega ao lado. Tudo isso além da reprovação dos outros colegas, irritados com os suspiros e soluços.Tudo bem. Você seria insensível se não derramasse uma lágrima sequer assistindo ao filme. Mas chorar diante de um quadro, ao ouvir determinada música, com um anúncio de TV ou ao cruzar com aquele mendigo que corta seu caminho todas as manhãs, fazendo-a sentir-se culpada pelo resto do dia, mesmo que jamais dê uma esmola. Isso pode ser excessivo.“Coisa que antes eram consideradas de fontes de alegria, como casa, marido, filhos, amigos e trabalho, passam a ter um peso insuperável, lamenta a empresária Júnia, 36 anos, casada e que sofre de instabilidade afetiva (designação equivalente para a hipersensibilidade) há três anos. Ela conta que não consegue assistir a uma cena “mais forte” na televisão - e não está se referindo à guerra no Iraque - sem desabar. Uma situação “normal”para a maioria das pessoas pode representar um rio de lágrimas para Júlia: “Pareço uma criança, me sinto ridícula”.Para a psiquiatra e psicanalista Evelyn Vinocur, em linguagem científica, o mal de Júlia tem uma causa: labilidade afetiva. Ou seja, instabilidade afetiva, que se caracteriza por rápidas mudanças emocionais em questão de minutos, ou até segundos. Doença/ frescura? A fronteira entre os dois lados é sutil. Cada caso é singular. Mas sempre que houver prejuízo na qualidade de vida é preciso agir rápido.Uma das alternativas para se sentir melhor é surfar sobre as emoções como se surfa sobre as ondas. Relaxe, conte até 10, tente tomar consciência da confusão (angústia ou alegria) que a domina, e questione a gravidade da situação. Respire calmo e profundamente. Diga para si mesmo que você e quem detém as rédeas das próprias emoções, e não o contrário.Aquele que deveria ser o melhor aniversário de Larissa foi o mais lamentável. Na festa de seus 30 anos, ela causou um grande mal-estar. Mirian, sua melhor amiga, convidou, sem avisar, 20 antigos colegas de colégio, para que cantassem “Feliz Aniversário”. Os pobres coitados se transformaram em uma turma a ser evitada dali para a frente. Ficaram constrangidos com sua fuga intempestiva para o quarto. A surpresa desmoronou-a.Neste tipo de situação, as pessoas muito sensíveis são tomadas por uma “diarréia emocional”. A barragem que retinha as emoções é rompida e todo cuidado é pouco para evitar uma inundação.Marianna, de 18 anos, nunca suportou o novo. Era tomada por um sentimento de apreensão, taquicardia e enrubescimento sempre que era abordada por um rapaz nas festas. Isso também acontecia quando era submetida a uma avaliação, qualquer que fosse. “Tinha uma sensação de congelamento. Parecia que as pernas estavam congeladas, bem como a mente. Ficava boba, sem reação”, conta.Ela não conseguiu concluir o exame do vestibular. Passou mal antes de responder a todas as questões e acabou reprovada. A psiquiatra Evelyn Vinocur acredita que Marianna sofre de ansiedade social. Um transtorno que gera a sensação difusa e desagradável de apreensão que precede qualquer compromisso social novo ou desconhecido. “A pessoa tem a consciência dos sintomas físicos e percepção de estar nervosa diante de uma situação social. Tal sentimento é paralisante e fonte de intenso sofrimento”.Casada, feliz, dois filhos, toda vez que passa o domingo na casa dos pais, Andréa reage a qualquer observação deles aos gritos. A mãe arrisca uma opinião sobre a aparência das crianças, do tipo “elas não estão um pouco magras?” A resposta é uma torrente de desaforos. Ou seja diante de qualquer comentário irritante, seu grau de tolerância é zero, o que faz uma adolescente de 14 anos parecer mais adulta e equilibrada do que ela. É normal ficar irritada com os pais. A relação com eles parece um jogo de guerra: comenta algo, eles replicam, contra-atacam As emoções ficam ainda mais fortes se estiverem condicionadas a lembranças passadas. Em resumo, aos cinco ou 35 anos, as pessoas continuam a sonhar com os pais ideais e ficam irritadas quando não correspondem às suas expectativas. Mas é preciso crescer, perdoar...Mas o primeiro passo para resolver o problema é afastar a idealização. Não esperar nada. Em vez de chegar a casa deles com a esperança que tenham mudado, afirmar a si mesma que tudo vai começar, ainda e sempre. Não adianta tentar. Tente, sim, ter uma visão estratégica, que consiste em antecipar reações. Isto é fácil porque são sempre as mesmas. Use uma tática diferente; se eles dizem alguma coisa, faça um comentário gentil, capaz de desarmá-lo. Desarme-se também.Não confunda as situações descritas com as que ocorrem somente em períodos de ansiedade, depressão, inquietude, falta de sono e disfunção sexual, que fazem parte da vida de todo mundo. Quem, por exemplo, não passou por uma enorme dor-de-cotovelo ou teve vontade de sumir do mapa depois de uma discussão séria?Fatores como insatisfação no trabalho, brigas familiares, separação, dificuldades financeiras, alterações hormonais interferem no bem-estar.Vários são os fatores em que a pessoa busca seus próprios recursos internos para manter o equilíbrio. Se você é uma delas, ótimo. Esse é o caminho. Mas se não consegue melhorar sozinho, não hesite em procurar um especialista. O diagnóstico preciso já representa um ganho de 50%, no tratamento, que pode ser através de psicoterapia, acupuntura, florais - para quem prefere alternativos.Só não pode é sofrer à toa. Ninguém merece, afinal.

DEPRESSÃO - fique atento às comorbidades.


DEPRESSÃO PODE AFETAR MULHERES COM O TDAH
Gostaria de lembrar aos nossos leitores que o TDAH ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma condição freqüente, crônica e que pode levar a sérios comprometimentos na vida da pessoa que sofre desse transtorno. O TDAH pode cursar sozinho, em sua forma pura, mas as pesquisas científicas e a prática clínica nos mostram que em 70 a 80% dos casos o TDAH cursa ao lado de outras condições psiquiátricas, em geral uma ou duas. Doenças que se manifestam no mesmo período de tempo são chamadas de comorbidades e precisam ser detectadas e tratadas individualmente por profissionais especializados em Saúde Mental da Infância e Adolescência. A presença de comorbidade(s) geralmente dificulta o diagnóstico podendo confundir o profissional menos experiente e normalmente sugere quadros de maior gravidade. Uma das comorbidades freqüentemente encontradas no TDAH em adultos, adolescentes e crianças é o Transtorno Depressivo Maior (TDM) ou Depressão e é dela que vamos falar nesse artigo. É de suma importância conhecermos bem todos os sinais e sintomas da Depressão para podermos fazer um diagnóstico e tratamento acurados.Os Transtornos Depressivos ou “depressão”, sempre me deixou intrigada, especialmente em crianças e adolescentes. Trabalhar com crianças e jovens emocionalmente comprometidos é um desafio para o médico examinador e por isso mesmo pode ser vivenciado tanto como algo super gratificante como frustrante ou até mesmo fascinante ou confuso.Não é novidade que a doença mental costuma ser sentida como um grande fardo para a família e para todos os que convivem com o seu portador, seja ele criança ou adolescente ou adulto. As maneiras com que cada família vai reagir podem ser as mais variadas. Usualmente, o que observamos, é a família tentar negar o problema e achar que tudo vai ficar bem. Ao longo de um tempo, as expectativas vão se multiplicando e a rejeição ao problema torna a vida diária insuportável. É comum vermos os pais se sentindo muito-culpados ou tentando culpar o cônjuge pelos transtornos que a doença traz. Muitos, numa atitude desesperada, enchem-se de expectativas irreais e exageradas para com os filhos, querendo que eles se transformem no oposto, a custa de muitas brigas, mágoas e ressentimentos. Após um certo tempo, vemos que os pais, sentindo-se exaustos, incompetentes, frustrados e decepcionados, acabam por se tornarem hostis à criança, sentindo-se agredidos por eles e nesse momento irrompe um clima quase insustentável na família, onde a incidência de separações desses pais aumenta muito, assim como a pressão que e feita sobre a criança, que a essa altura já incorporou uma falsa autoimagem negativa, com sentimentos de insuficiência, fracasso global, rejeição, incompreensão, tristeza e desesperança, sentimentos esses, significativos. Usualmente, é nesse momento, onde a dinâmica familiar encontra-se desestruturada e caótica, que pode advir um transtorno depressivo – que pode se manifestar de modos distintos, seja com o quadro clássico de humor deprimido, retardo psicomotor, sentimentos de tristeza profunda, desalento, desamparo, morte e etc., ou seja como sintomas de irritabilidade, mau humor, agitação, agressividade, falta de energia, etc. e que muitas vezes se sobrepõem aos sintomas do TDAH.Nesse artigo abordaremos a DEPRESSÃO (TRANSTORNO DEPRESSIVO), em virtude da alta freqüência com que a comorbidade Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade-Depressão é observada na prática diária.
A Depressão é um distúrbio tão grave, tão incapacitante, tão devastador e ao mesmo tempo tão ignorado por médicos, familiares e até mesmo pelos próprios portadores. Mas é fato que transtornos que se caracterizam por serem internalizantes, ou seja, “silenciosos” e que portanto não incomodam as pessoas, têm muito mais chance de serem passadas “ao largo”, isto é, distante dos olhos dos profissionais clínicos e mesmo os de saúde mental.Incrível, pois a Depressão é uma condição neurobiológica grave, deletéria e altamente prevalente na população geral. Segundo estudo epidemiológico feito no Brasil, sua prevalência ficou em 15,5% da população. Se formos fazer uma média de prevalência no mundo, a depressão atinge aproximadamente uma a cada dez pessoas, acometendo mais de 340 milhões de indivíduos. Levantamento feito pela OMS, Organização Mundial de Saúde, mostrou prevalência ao longo da vida de 16,8% para depressão, 4,3% para distimia e 1,5% para transtorno bipolar. Mulheres apresentam um risco duas vezes maior que os homens de apresentar um transtorno depressivo.O problema se caracteriza por altos graus de autodepreciacão, culpa, auto-estima e autoconfiança baixas, apatia, falta de prazer nas atividades de um modo geral, alterações do apetite e do sono, sentimento de desamparo e desesperança, solidão, entre outros, levando a altas taxas de suicídio ao ano. Para não falar na redução da performance profissional, da decadência laborativa, do absenteísmo, entre outros, fazendo da depressão um dos mais devastadores transtornos de saúde pública do mundo, com a qualidade de vida seguindo uma espiral decrescente ao longo da vida.A pessoa deprimida pode ficar inquieta, impaciente, intolerante, desatenta e desconcentrada, denotando claros prejuízos cognitivos. E é nessa hora que o profissional precisa ser experiente, para fazer o diagnóstico diferencial com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade ou TDAH.É fundamental que o profissional seja experiente no assunto pois muitas outras doenças podem ser reflexos da depressão e normalmente costumam ser interpretadas como “tristeza”. Lembrar também que a Depressão se manifesta por sintomas emocionais e físicos e gera, ao longo de um tempo, uma exaustão física e mental, fragilizando o nosso sistema imunológico, fazendo com que outras patologias possam se instalar no nosso organismo. Daí ser tão importante o profissional saber distinguir entre doença primária e comorbidade. É lamentável que nos dias de hoje, muitos pacientes deprimidos passem por serviços de saúde primária e saiam sem diagnóstico.A tonalidade do transtorno é sorrateira, podendo evoluir por anos camuflada em outros sintomas como fibromialgia, dores no corpo, asma, gastrite e outras doenças somáticas. Hoje em dia vemos profissionais das mais diversas especialidades tratando as depressões mais “típicas”, muito embora deixando passar desapercebidamente os casos leves, pela falta do hábito do médico na abordagem de sintomas emocionais. E o paciente deprimido, quer seja por esquecimento, apatia ou anergia, também não comente sobre o seu estado emocional e a situação vai piorando gradativamente. nos dias de hoje, muitos pacientes deprimidos passem por servicos ias se instalem no nosso organismo. Falta, ainda, na maioria das faculdades de medicina, o ensinamento dentro das especialidades clínicas do embasamento suficiente em psiquiatria para profissionais que não se especializam na área. E mesmo dentro da própria população a “depressão” ainda é vista como uma fraqueza, uma fase temporária, falta de esforço e de força de vontade, entre outros, e não como uma condição clínica real. Ao contrário de uma enfermidade clínica, a depressão afeta no paciente o sentido de si mesmo. Isso provoca medo e insegurança. O próprio paciente reluta em informar seus sintomas ao médico", por medo de estar “ficando louco”.Reduzir todo o desagravo gerado pela depressão requer tempo e mudança, até mesmo mudanças de ordem cultural. É preciso entender e saber reconhecê-la em seus mais diversos graus. A depressão não é só uma doença da alma. É um transtorno mental de ordem neurogenética e neuroquímica.
QUADRO CLÍNICO / SINTOMATOLOGIA –
1- ALTERAÇÕES NA AFETIVIDADE –- humor deprimido ou irritabilidade, desproporcionais ao estímulo- anedonia (falta de prazer geral), antecipação do desprazer- apatia, abulia- desinteresse, desmotivação- sentimentos de cunho negativo, diminuição da auto-estima e autoconfiança, tristeza, “vazio”, auto-recriminação, autocomiseração, culpa, insegurança, etc.- falta de vontade, falta de iniciativa, disfunção executiva.
2- ALTERAÇÕES NA PSICOMOTRICIDADE –- retardo psicomotor, falta de energia- preguiça ou cansaço extremo- lentificação do discurso e do pensamento- indecisão- queixas de falta de memória- agitação, predomínio de tensão- falta de vontade e de iniciativa
3- ALTERAÇÕES NAS FUNÇÕES COGNITIVAS –- tríade depressiva negativa (avaliações negativas acerca de si mesmo, do mundo e do futuro)- temas recorrentes como ruminacões, privação, perda, morte, desamparo, doença, ruína financeira, aumento desproporcional das preocupações- delírios congruentes com o humor envolvendo saúde, moral, relacionamentos e finanças, ou incongruentes com o humor, tipo persecutório.
4- SINAIS E SINTOMAS VEGETATIVOS –- aumento ou diminuição do apetite- diminuição da libido- dores, sintomas físicos difusos- desregulação circadiana da temperatura corporal, do ciclo sono-vigília e da secreção de cortisol
SUBTIPOS DE DEPRESSÃO
1 – LUTO – é um sentimento normal, compreensível e que faz parte da nossa vida. Dizemos que um luto normal pode levar até um ano. Depois, torna-se patológico, demandando intervenção psicológica e farmacológica, pois em 5% dos casos o quadro pode evoluir para um transtorno depressivo.
2 – DISTIMIA – é um quadro mais leve e crônico. As alterações do humor estão presentes na maior parte dos dias, todos os dias, por no mínimo 2 anos e não preenchem critérios para um episódio depressivo ou transtorno depressivo recorrente, tanto pela gravidade e duração dos sintomas. Pode haver oscilações do humor mas a prevalência é de um estado de cansaço e desânimo na maior parte do tempo. Os distímicosgeralmente se mostram excessivamente preocupados e com sentimento persistente de inadequação diante da vida, mas não costumam ter alterações na libido, apetite e na parte psicomotora. Podem somatizar, e costumam queixar-se de letargia, inércia, anedonia (falta de prazer nas coisas) e piora matinal. 25% a 50% dos adultos distímicos podem apresentar latência do sono REM diminuída, maior densidade de sono REM, sono de ondas lentas reduzido e prejuízo na continuidade do sono. Na maior parte dos casos, a distimia se inicia na adolescência ou no princípio da idade adulta. Mais de 90% dos distímicos evoluem para um episódio de transtorno depressivo maior, o que corresponde a um prognóstico desfavorável e com menor probabilidade de remissão completa dos sintomas depressivos e uma maior tendência à resistência aos tratamentos.
3 – DEPRESSÃO MELANCÓLICA – ou endógena (termo não usado mais) caracteriza-se pelo predomínio de sintomas somáticos, vitais ou biológicos, como a perda de interesse ou prazer em atividades que antes gostava, piora matinal, falta de reatividade do humor, retardo psicomotor, perda importante do apetite e perda de peso. Recentemente, o retardo psicomotor foi o sintoma caracterizado como “marcador” da melancolia, sendo um achado necessário e suficiente para o seu diagnóstico.
4 – DEPRESSÃO ATÍPICA – apresenta uma inversão dos sintomas somáticos como aumento de apetite e ou ganho de peso, dificuldade para conciliar o sono, hipersônia maior que 10hs/d ou 2hs a mais do que quando não deprimido, sensação de corpo pesado ou “paralisia de chumbo”, sensibilidade exacerbada à rejeição interpessoal e reatividade do humor nos diversos ambientes. Estudos mostram que pacientes com depressão atípica evoluem mais freqüentemente para Bipolares tipo II e têm história familiar de bipolaridade.
5 – DEPRESSÃO SAZONAL – inicia-se recorrentemente no outono/inverno com remissão na primavera, sendo incomum no verão. Esses episódios devem repetir-se por 2 anos consecutivamente sem episódios não-sazonais durante esse período. A depressão sazonal pode cursar nos padrões de um transtorno depressivo maior, transtorno bipolar tipos I ou II ou transtorno depressivo recorrente. Observar se há estreita correlação temporal entre o início dos episódios e a estação do ano, outono/inverno. A prevalência é maior entre jovens que vivem em maiores latitudes. Os sintomas mais comuns são letargia, diminuição de atividade, isolamento social, diminuição da libido, hipersônia, aumento do apetite, “fissura” por carbohidratos e ganho de peso. Alguns portadores podem sentir-se com mais energia na primavera, ficando mais ativos e sociáveis e com aumento libido, menos necessidade de sono, redução do apetite e perda de peso. Assim, esses tipos de quadros sugerem episódios hipomaníacos e portanto poderiam ser classificados como bipolares tipo II.
6 – DEPRESSÃO PSICÓTICA – é um quadro grave, com a presença de delírios e alucinações. Os delírios podem ser congruentes com o humor, por exemplo, idéias de ruína, pecado, doença sem cura, pobreza, desastres e outros. As alucinações auditivas são geralmente acusatórias e depreciativas e as alucinações olfativas ocorrem como um odor putrefato. 14 a 25% das depressões são depressões psicóticas. É mais comum em mulheres.

DEPRESSÃO - a dor e a alegria de todos os dias.


Viva a democracia! Pelo menos a depressão é democrática. Pelo menos isso... Hoje eu estava assistendo ao noticiário. Cheguei a pensar em não ver mais o noticiário. Todo dia é tudo igual. Quanta notícia ruim! Crises, demissões em massa, brasileiros no Japão sem dinheiro pra voltar pro Brasil, avião sem freio dianteiro que tem que ficar sobrevoando 2hs pra gastar combustível no ar e pousa "de bico", o policial que mata e degola suas vítimas, que mata gente doente por engano, multas, mosquitos da dengue crescendo nos bairros da cidade, excesso de chuva em alguns lugares, seca desastrosa em outros, desempregos, criminosos, e por aí vai. Se eu ficar aqui escrevendo, eu vou escrever até o ano que vem... Mas por outro lado, eu vi a pessoa mais idosa do mundo, uma senhorinha que faz 129 anos hoje! Vi a alegria do povo dançando música de carnaval na praia, vi gols, vi o bloco das mulheres do Chico (Buarque) e amanhã, gente, é dia de festa, pois a nossa cidade maravilhosa completa 444 anos! Viva nós!

Mãe que compete com a filha pode causar depressão na família.


"- Um dia desses, eu estava dirigindo, voltando para casa e de do nada, devarinho, umas lembranças vieram à minha mente... engraçado, mas frequentemente, quando eu estou dirigindo, pensamentos me vêm na cabeça. Verinha, nossa, mal posso lembrar da expressão de surpresa e horror, que eu acho que devo ter feito, quando ela me mostrou seus braços, todos cortados... logo depois me veio outra cena na mente, a de Silvia, a filha "louca" e rejeitada pela mãe, que acabava com todas as suas "economias". Um dia eu fui atender a Sílvia na casa dela, pois havia quase 20 dias que ela não saía do quarto escuro. Sílvia queria morrer. Bem que havia tentado umas duas vezes. Todo o tempo em que fiquei lá, a mãe não parou de criticá-la e ofendê-la, humilhá-la e compará-la com a outra filha, que só dava alegria em casa... O sinal fechou. Uma criança com o uniforme da escola atravessou a rua com a mãe. Alguma coisa ele disse, porque ela deu um tapa nele e um beliscão no seu braço! Nossa, que coisa! O sinal abriu. Olhei pelo retrovisor e a criança estava aos berros. Me veio o Helio na lembrança. Menino magro, olhos grandes e aflitos, transbordava desespero e agonia. Aperto no peito. Dor na barriga. A mãe grávida, fumando e reclamando do filho, que não só queria dormir e não ia mais pra escola. Quase ao mesmo tempo, pensei na Cíntia, que jogara uma pedra pesada nas costas de sua mãe. Nossa, eu pensei, quanta coisa a gente passa nessa vida... e entre um pensamento e outro, de repente, eu me vi chegando em casa. Estacionei o carro e me dirigi ao elevador."


Sentimentos e emoções fazem parte da nossa vida, mas deprimir não é pra qualquer um. É preciso que tenhamos predisposição genética para isso. Os afortunados - que nascem com genética "boa" e "forte", vão precisar de muitos fatores estressores para conseguirem deprimir, ao passo que os que nascerem com uma genética "carregada", vai viver num equilíbio instável - e a qualquer sopro: deprime. Mas fique calmo, nada como um dia após o outro. Como as coisas mudam! Quantas pessoas eu atendi que passaram por anos tão ruins, com tantos problemas de toda ordem, e que hoje estão tão bem, sorrindo e vendo graça na vida novamente! Eu sempre digo: a gente nunca pode se desesperar. A vida sempre apronta, apontando um novo caminho, uma nova luz, um bom vento... O tratamento vai fazendo você juntar gotinhas de resiliência daqui, riscas de superação dali, e quando você menos espera, a vida vai se abrindo, as cores vão ficando mais brilhantes, a melodia passa a fazer bem ao seu ouvido e ver as pessoas na praia, sorrindo e felizes também passa a te fazer bem de novo! Persistir. Jamais desistir. Quase todo dia eu me deparo com vencedores e vencedoras da vida. Gente que não abriu mão de viver. E que hoje vive com muito prazer.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

QUESTIONÁRIO AUTO-APLICATIVO PARA AVALIAR SUAS TRAÇOS DE BIPOLARIDADE


Você pode ser bipolar?


Responda às perguntas abaixo e descubra se você tem algum grau de bipolaridade

1. Você se considera com muitos altos e baixos de humor?

2. Precisa estar sempre fazendo algo ou buscando coisas novas?

3. Já teve vários momentos de apatia ou tristeza sem motivo aparente?


EM COMPARAÇÃO COM OUTRAS PESSOAS VOCÊ...

1. ...já ficou muito alegre e radiante ou irritável sem motivo aparente?

2. ...já teve fases com muitos planos, falando mais rápido, alto e bastante?

3. ...já se arriscou demais em alguns momentos?

4. ...já teve fases ou dias de se vestir de um jeito bem mais chamativo?

5. ...gasta mais dinheiro com prazeres, futilidades ou aparência?

6. ...apresenta mais dificuldade para manter as coisas em ordem e tende à dispersão?

7. ...já teve impulsos exagerados em relação a comida, drogas, sexo ou compras?

8. ...já teve momentos de maior confiança em que se sentiu muito especial?

9. ...muda de planos e objetivos com extrema facilidade?

10. ...demonstra instabilidade profissional ou nos relacionamentos afetivos?

11. ...tende a se magoar ou a se irritar quando alguém o critica ou desagrada?

RESULTADO
:

Se você marcou de uma a três respostas "sim", é pouco provável que tenha algum grau de bipolaridade.

De quatro a sete respostas "sim", é provável que você tenha algum grau de bipolaridade.

Oito ou mais respostas "sim" indicam que é muito provável que você tenha algum grau de bipolaridade.

Reflita e, se for o caso, procure ajuda.