sábado, 28 de fevereiro de 2009

Mãe que compete com a filha pode causar depressão na família.


"- Um dia desses, eu estava dirigindo, voltando para casa e de do nada, devarinho, umas lembranças vieram à minha mente... engraçado, mas frequentemente, quando eu estou dirigindo, pensamentos me vêm na cabeça. Verinha, nossa, mal posso lembrar da expressão de surpresa e horror, que eu acho que devo ter feito, quando ela me mostrou seus braços, todos cortados... logo depois me veio outra cena na mente, a de Silvia, a filha "louca" e rejeitada pela mãe, que acabava com todas as suas "economias". Um dia eu fui atender a Sílvia na casa dela, pois havia quase 20 dias que ela não saía do quarto escuro. Sílvia queria morrer. Bem que havia tentado umas duas vezes. Todo o tempo em que fiquei lá, a mãe não parou de criticá-la e ofendê-la, humilhá-la e compará-la com a outra filha, que só dava alegria em casa... O sinal fechou. Uma criança com o uniforme da escola atravessou a rua com a mãe. Alguma coisa ele disse, porque ela deu um tapa nele e um beliscão no seu braço! Nossa, que coisa! O sinal abriu. Olhei pelo retrovisor e a criança estava aos berros. Me veio o Helio na lembrança. Menino magro, olhos grandes e aflitos, transbordava desespero e agonia. Aperto no peito. Dor na barriga. A mãe grávida, fumando e reclamando do filho, que não só queria dormir e não ia mais pra escola. Quase ao mesmo tempo, pensei na Cíntia, que jogara uma pedra pesada nas costas de sua mãe. Nossa, eu pensei, quanta coisa a gente passa nessa vida... e entre um pensamento e outro, de repente, eu me vi chegando em casa. Estacionei o carro e me dirigi ao elevador."


Sentimentos e emoções fazem parte da nossa vida, mas deprimir não é pra qualquer um. É preciso que tenhamos predisposição genética para isso. Os afortunados - que nascem com genética "boa" e "forte", vão precisar de muitos fatores estressores para conseguirem deprimir, ao passo que os que nascerem com uma genética "carregada", vai viver num equilíbio instável - e a qualquer sopro: deprime. Mas fique calmo, nada como um dia após o outro. Como as coisas mudam! Quantas pessoas eu atendi que passaram por anos tão ruins, com tantos problemas de toda ordem, e que hoje estão tão bem, sorrindo e vendo graça na vida novamente! Eu sempre digo: a gente nunca pode se desesperar. A vida sempre apronta, apontando um novo caminho, uma nova luz, um bom vento... O tratamento vai fazendo você juntar gotinhas de resiliência daqui, riscas de superação dali, e quando você menos espera, a vida vai se abrindo, as cores vão ficando mais brilhantes, a melodia passa a fazer bem ao seu ouvido e ver as pessoas na praia, sorrindo e felizes também passa a te fazer bem de novo! Persistir. Jamais desistir. Quase todo dia eu me deparo com vencedores e vencedoras da vida. Gente que não abriu mão de viver. E que hoje vive com muito prazer.

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